Ganhei uma família de presente!

Eu e a Grace somos amigas há quase 30 anos e não nos encontrávamos fazia uns 20. Ano passado, ela perdeu para a Covid-19 o grande amor da sua vida, Lucas. Também acometida pela doença, passou mais de 60 dias lutando pela vida e venceu.

Decidi que estava mais do que na hora de nos reencontrarmos e me programei para ir a Vinhedo, em novembro, quando estaria em São Paulo,

Mas sempre tem uma pedra no meio do caminho…

Moro em Palmas, no Tocantins, e passei quase dois anos de pandemia em trabalho remoto, dirigindo pouquíssimas vezes e percorrendo apenas pequenas distâncias.

Nas estradas paulistas, circulam mais carros por dia do que em Palmas, o ano todo. E, sinceramente, não estava com muita coragem de enfrentar o Sistema Anhanguera/Bandeirantes dirigindo, sozinha.

Só que minha filha não queria ir comigo. Legal, né?

Quando falei para a Grace, ela solucionou o problema rapidinho, como sempre fez: ia comemorar seu aniversário na casa do irmão, em São Paulo, e me convidou para estar lá.

Para começar, o irmão dela, o Rony, morava a três casas de onde viveu uma pessoa muito querida. Meu ex-cunhado, falecido recentemente, eu, minha filha e sobrinhas íamos lá com frequência. O marido desta amiga era conhecido como Toninho de Ipaussu…

Eis que chega outro irmão da Grace, o Ronald. Médico aposentado e escritor, tinha acabado de publicar um poema num livro. E participaria, dias depois, de um encontro literário em… Ipaussu, que faria homenagem a …. Cora Coralina.

A aniversariante só apareceu umas três horas depois, porque teve problemas com o pneu do carro. E, em Vinhedo, no fim de semana, não se encontra um borracheiro em cada esquina.

Embora estejamos quase com a mesma idade e eu não tenha sofrido uma perda tão grande, dias e dias de UTI nem as sequelas da Covid-19, a Grace mostrava tanta coragem e disposição que me fez rever muitas coisas da minha vida. Não importa o tamanho da porrada que a vida lhe dá, sempre é tempo de construir mais e mais. E a Grace continua a construir, trabalhando como advogada – ela se formou em Direito, quando se preparava para a aposentadoria como jornalista -, tentando mostrar aos filhos que criou o quanto os ama e curtindo a família maravilhosa que tem.

Agora, adotada pela Grace, sou parte da família. Tem coisas que não se compra com cartão de crédito, né?

Célia Bretas Tahan

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