Você acredita em Papai Noel?

Ou melhor, você confia em Papai Noel?

Suponhamos que você esteja parado no semáforo de um cruzamento próximo a um dos milhares de shoppings centers espalhados pelo país. O sinal está fechado, é noite e faz calor.

De repente, um desses Papais Noéis bem caracterizados vem andando em sua direção, badalando um sininho. Suando muito, porque ainda não inventaram uma roupa de Papai Noel para países tropicais, ele tem o olhar esgazeado, típico que quem está trabalhando horas a fio dentro de uma fantasia que é a antessala do inferno. Ou de quem está bêbado. Ou drogado. Ou com más intenções. Ou tudo junto. Você:

a – Abre a janela do carro, diz hô-hô-hô e estende a mão para receber um caramelo de frutas, que provavelmente o bom velhinho está distribuindo;


b – Fica condoído com o sofrimento do pobre coitado, abre a janela do carro e diz: Não acredito em Papai Noel, mas acredito em ti! Força, companheiro;


c – Faz de conta que aquela figura de roupas vermelhas e barbas brancas não está lá, mesmo porque Papai Noel não existe;


d – Encolhe-se dentro do carro, engata a primeira, sobe na calçada, arranca o para-lama de um Fusca estacionado, fura o sinal vermelho e só vai parar três ou quatro quilômetros depois, para avaliar os estragos.

Se você escolheu a alternativa “d”, console-se: você não está sozinho. Basta dar uma olhada no Google para descobrir a quantidade de crimes atribuídos a gente vestida como Papai Noel.

Teve um que matou nove num subúrbio de Los Angeles. Outro que baleou vinte e cinco numa ceia de Natal e ainda tocou fogo na casa. Um terceiro que assaltou um banco sob a alegação de que precisava de dinheiro para pagar seus duendes. Um quarto que mandou uma velhinha para o hospital depois de espancá-la com um porrete. E teve um ainda que distribuía drinques envenenados a frequentadores de feiras ao ar livre.

E por aí vai. Se antes seu grau de confiabilidade era proporcional ao índice de crédito inerente a uma criatura lendária, seu conceito vai abaixo de zero se você puser no papel a quantidade de más ações atribuídas ao chamado ‘bom velhinho’: ele não existe, e além disso seu caráter é duvidoso.


Eu não acreditava nele desde os sete anos de idade, e passei a não confiar a partir de dezembro de 2001, quando Papai Noel tentou matar uma publicitária nos Jardins, em São Paulo, a mando do pai dela. É lógico que, naquela época, a moça jamais imaginaria que a figura que a recompensava com presentes, todos os anos, por ter sido boa menina representaria uma ameaça real. Papai Noel?! Imagina! Quer coisa mais confiável do que, na época do Natal, ser assediado por Papai Noel?

A história mostra que é recomendável, porém, que as pessoas vejam sempre o velho Noel, em carne e osso, com um pouco mais de reserva. Vai saber se as empresas que os agenciam exigem deles atestado de antecedentes. Por via das dúvidas, continue fiel à alternativa ‘d’ do questionário lá em cima. E feliz Natal!

Marco Antonio Zanfra

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